Do confinamento e da minha veia fútil

Isto de passar os dias inteiros em casa, sucessivamente, sem perspetiva de sair, sem acontecer nada diferente, em que a casa é escritório, escola, creche deixa-me deprimida. E a minha veia consumista fica ao rubro. Quando chega uma encomenda parece Natal!, mas essa sensação rapidamente passa porque depois não saio de casa e não uso nada do que compro porque não saio de casa.

Sempre fui assim: quando estou mais triste basta comprar um verniz das unhas, por exemplo, e o meu astral logo sobe. Mas agora nem isso.

(Claro está que sou uma privilegiada porque estou aqui a pensar em vestidos, sapatos e casacos, quando há pessoas que têm de pensar em como sobreviver)

De ser Mãe

Não gostei de estar grávida. Não gostei de dar de mamar à minha primeira Filha. Não dei à segunda. Quando digo isto às pessoas elas ficam escandalizadas e consigo ler no seu pensamento: “que raio de Mãe é esta?”

Sou igual às outras com a diferença que assumo que a maternidade não são só unicórnios e algodão doce.

Tirando estas coisas, as noites mal dormidas e a aflição constante de ter dois corações fora de mim, adoro ser Mãe. Adoro. Se a vida me deixasse, trocava facilmente a minha profissão pela de Mãe. E aí era apenas isso, existia apenas para as minhas Filhas. E não acho nada que essa decisão me limitaria no futuro. Ser Mãe, ser apenas Mãe não limita. Antes amplia, expande, acrescenta. O quê? Amor.

Feliz Dia da Mãe!

Dos meus sogros ou de como eles afetam a minha relação

Adele

Os meus sogros não gostam de mim. Talvez porque quando os conheci era divorciada e tinha uma filha, talvez porque tenha mau feitio, talvez porque o Filho deixou de ter tanta disponibilidade para eles. Não sei. E não sei porque nunca nos sentamos a discutir o porquê de não termos qualquer tipo de relação. Qualquer porque, por exemplo, os meus sogros não me deram os parabéns por estar grávida, os meus sogros não me telefonam a desejar feliz Natal, nem quando estive 5 meses de cama, em repouso absoluto para não perder a bebé, me telefonaram. Os meus sogros nunca me telefonam. Se vou almoçar ou jantar à casa deles não me dirigem a palavra. Os meus sogros viram a neta no dia a seguir ao seu nascimento, em cinco minutos, já depois da hora da visita na maternidade e até hoje nunca mais a viram, nem perguntaram por ela. E durante este tempo todo, acreditem, eu fui sempre simpática, sempre encolhi os ombros, sempre deixei para lá.

Os meus sogros são os pais do meu Marido, pessoa que muito amo e que muito sofre com isto.

Decidi dar importância e fazer igual. Principalmente pela atitude estúpida que têm em relação à neta! Não gostei. Basta! Se há almoços ou jantares, eu deixei de ir, de os convidar para as festas, etc.

Eventualmente faço mal. Afinal são os pais dele e ele sofre. Eventualmente faço bem porque também tenho personalidade e já chega de tanta pisadela nos pés. Não sei. Ainda não descobri. Só vos posso dizer que esta situação acaba por nos afetar enquanto casal. Eu sinto-me culpada. Penso que se não fosse eu, se ele não estivesse comigo talvez as coisas fossem diferentes. Ele adora-me e, verdade seja dita, esteve e está sempre do meu lado. Mas deve-lhe doer, caramba…

É, nós, quando casamos, também casamos com a família e se esta não gosta de nós, é um sarilho. Sinto-me triste com isto. Que grande pedra no sapato.

Da maquilhagem e da falta de tempo para ela com um bebé pequenino

tumblr_p2y199hYCg1t906hvo1_1280
Olivia Palermo

Da primeira vez que fui Mãe nem tinha tempo para tomar banho. Não dava pelos dias passar. Vivia para a bebé e pouco cuidava de mim. Acho que me olhava ao espelho de semana a semana.

Com o nascimento da minha nova Filha continuo sem tempo para mim (porque agora tenho duas) mas tenho muito mais consciência de que se ando em casa de fato de treino e cabelo amarrado é porque quero. E dou por mim não muitas vezes mas algumas a pôr uma máscara nos olhos e um iluminador no rosto.

De facto a experiência e a idade fazem-nos muito bem.

 

Voltei.

conversation-is-food-for-the-soul-quote-1

Regressei. De 2017 até agora mudou muita coisa na minha vida. Mudei de emprego. Tive outra Filha. Conheci outras pessoas. Cresci.

Uma coisa não mudou – a vontade de escrever, de desabafar atrás do anonimato.

Vamos lá ver se consigo vir aqui com a frequência que gostaria e se ainda há alguém que me leia.

Está aí alguém?